segunda-feira, maio 29, 2006

O pulo do gato da bilheteria


Fui ver neste final de semana o Codico Davinci, confesso que foi quase por obrigação, já não podia deixar para depois sob o risco de sofrer uma exclusão nas rodas de bate-papo, de não poder comentar e ou ficar em simples “aie” como tem sido quando não assistimos nada.
Não faz meu estilo ler críticas de filmes antes de vê-los, prefiro ir sem nenhuma idéia pré-concebida e imposta pelos ditos críticos de cinema que não muitas vezes deixam a subjetividade fora de suas escritas, também fui ver o filme sem antes ler o livro, algo que eu já sabia que ia acontecer devido á necessidades impostas pelo cronograma escolar, no entanto, tomei o cuidado de ler uma resenha e várias sinopses que pululam por ai, então, de antemão já sabia e ou estava dentro do assunto tratado no livro. E o filme? Não podia deixar passar, até porque é uma leitura rápida e facílima se tomar em conta que é só entrar na sala do cinema, se aconchegar sem se deixar atrapalhar pelas pipocas que muitas vezes me engasgam nesse ambiente e ficar atento nas linhas e entrelinhas passadas nesses textos miscigénicos que na maior parte das vezes, apenas servem de entretenimento.
Mais foi com outra expectativa que fui ver este filme, as disparadas em bilheterias, US$ 224 milhões até então, certamente o levariam a história do cinema, a orientação do papa para não se assistir à peça e ate as tentativas inúteis de tirar o filme de circulação, esse alvoroço em volta de uma trama de ficção cutucou ainda mais a curiosidade que crescia a cerac deste assunto.
Com pouco mais de 150 minutos, o filme se apresenta em uma ótima fotografia (plagiando nossos críticos de cinema), os atores por mim desconhecido se apresentam muito bem na peça e, completam esse drama desafiado pelo diretor Ron Howard que na minha opinião, soube escolher muito bem seus personagens, até para retratar os membros dessa misteriosa organização secreta que trabalha arduamente para a permanência de um segredo que, segundo o filme, pode acabar com o poder da mais antiga igreja deste planeta.
Uma peça um tanto longa, no final, ocasionalmente olho para o redor da sala já com as luzes acesas, não vejo no rosto dos telespectadores ali presente uma alegria, não ouço aplausos como ouço da outra sala que acaba de passar o X-Man 3 , noto uma certa desilusão no rosto dos que vão descendo, alguns necessitando de serem acordados do seu mais profundo sono, esse fenômeno todo me remete a uma breve reflexão sobre a industria cultural e sua característica mercadológica, não longe, me questiono sobre a real intenção do diretor ao desafiar uma religião tão aclamada e tratar esse tema.
Será que a questão aqui é levantar uma inquisição a uma possível manipulação da história da religião, ou é meramente ficcional com objetivos lucrativos, o que figura no estilo atual da industria cultural?
Seja o que for, parece que o autor, tanto do livro como do filme, ao pegar um tema polêmico como este o revela ser, sabia muito bem que, ai estava o pulo do gato que a industria cultural procura na sua reprodução desesperada de lucros, fruto de um sistema que se acasalou com o capitalismo do novo mundo.

terça-feira, maio 09, 2006

"Ainda verei o povo iraniano livre"


Essas palavras foram proferidas por Bush, numa entrevista aos jornalistas americanos, na qual ele leu na integra a carta enviada ao seu governo pelo presidente iraniano Mahmud Ahmadinejad.
Bush, num tom irônico e cínico como sempre, falava aos jornalistas, com a intenção de fazer passar sua mensagem ao mundo, como se ele mais uma vez fosse o "Deus" na terra, capaz de ver nações escravizadas e com a missão de libertá-las. O pior é que parece que sempre consegue aliados nessa luta desesperada em dominar e aniquilar determinados regimes orientais. Hoje o conselho de Segurança da ONU já admite sansões a este país e até mesmo uma intervenção militar para parar o seu programa de enriquecimento em Urânio, no qual Bush alega ser um caminho para a produção da bomba nuclear. Q
ual o nível de enriquecimento deste material pelos EUA, alguém já se perguntou?
Até quando o Mundo vai olhar e admitir essas trapalhadas de Bush? Ainda ontem ele invadiu o Iraque com a promessa de libertá-los. Libertá-los de que se esse povo hoje vive mais atormentado que nunca, quantas famílias foram desfeitas nessa operação? Será que o Povo iraniano não vive livre e só ele, Bush, vê essa situação?
Quando o Mundo abrirá os olhos e terá um messias para nos livra dessa praga? Pena que o povo americano olha e consente, é um caso de dizer que mais uma vez Nelson Rodrigues tinha razão quando afirmava que “a unanimidade é burra”. já agora, será que ainda verei o Mundo livre?

quinta-feira, maio 04, 2006

(OVER)mundo alternativo

Gente, acho que vale a pena ver essa forma alternativa de publicação de conteúdos, www.overmundo.com.br, é uma iniciativa onde todos podemos ser editores, decidindo sobre o que deve ou não ser publicado acerca da cultura alternativa no Brasil.
bOa iniciativa, bom para quem gosta de descobrir novas coisa.

Os labirintos de uma torcida

A cena começa no ônibus, é quarta feira e já vão para as 20, a cidade está agitada, é quase comum ver de entre três pessoas, duas vestidas de preto e branco, há uma expectativa, no ônibus 4501 a agitação começa a tomar conta, aqui a desordem vira ordem, as barreiras são para serem quebradas, há quem entra por trás, o clima é de carnaval e ai de quem não cooperar, cooperar? Em um dos pontos a polícia se recusa, xinga, bate, mais só fica por isso porque esse grupo não se deixa abalar, quando muito desce e na certa apanha outro, nada de pensar em desistir.
No 4501 para quem ficou a ordem é cooperar, nada de silencio, o teto, as chaparias laterais servem de baterias para os hinos e cantos entoados, as letras bem conhecidas cedem espaço a palavrões, o ônibus vai seguindo e a cada vez que vai se aproximando do final, local do encontro marcado, o clima vai ficando tenso, a aglomeração vai se parecendo mais com um formigueiro em festa, o samba e a cerveja vai apimentando esse clima que se quer de alta tensão. A estimativa é de 45 mil convidados que eram dados como ausentes. Que será que terá acontecido se o resultado parece esperado? Se há no meio disso tudo uma certeza da missão impossível de virar esse resultado? “O final de semana foi fantástico, estes miúdos tem raça e coragem” ouço esse suspiro na fila, ela é enorme e dividida entre estudantes e não estudantes, aqui as relações que se desenvolvem são mecânicas, há uma necessidade de inclusão nesse grupo que cresce a cada momento, ignorar e ou ficar indiferente é uma auto-exclusão que ninguém quer, há uma necessidade de fazer parte desse grupo nem que seja momentaneamente, o interesse é comum, não há espaço para exclusividade, todos são iguais.
Já no palco para o espetáculo, as luzes, o cenário o som, tudo esta ajustado no seu mínimo detalhe. Aqui o conflito é dos visitantes que procuram melhor posição, há espaço para surgir brigas, é permitido um palavrão mesmo que seja para alguém desconhecido. Os protagonistas do espetáculo entram em palco, são dois grupos, visitantes e anfitriões, aqui só interessa receber bem os anfitriões, as regras são reinventadas e a etiqueta esquecida, o visitante deixa de ser bem vindo e passa ser mal visto, o espetáculo inicia, a vibração é enorme, atinge o clímax, no entanto a atuação dos protagonistas não corresponde às expectativas, “é uma atuação esperada, esses tipos são burros e deveriam ser trocados todos”, afirma um telespectador.
Os minutos vão se passando, o esperado vai se concretizando, atinge-se a um estágio em que já não vale a pena alimentar a ilusão, ninguém é mais bem vindo, os anfitriões são vaiados, qualquer esforço é ignorado, o tempo vai se esgotando e os mais realistas vão deixando a arena, a sala, vão saindo como entraram, em fila. Para os que ficam a agonia tomo conta deles, já não são mais aqueles que vieram cantando, o consolo esta em soltar palavrões. Eis o apito final, é meia noite, o consolo fica na cama que está longe, ainda separada do stress de ter que apanhar o ônibus de volta, pagar e ficar em pé “agora só nos resta a série B, eu já esperava isto, temos de aprender com os garotos do Ipatingão” com estas palavras terminava mais uma etapa do labirinto do torcedor de Galo. Gerações separam o primeiro título de 71 a sua queda para a segundona em 05, um clube que tem na sua torcida o seu maior patrimônio.