terça-feira, abril 25, 2006

"Brasil hexa campeão - Alemanha"


Ia eu a passar pela praça 7, esse lugar miscigénico de BH, quando me deparo com um homem posando para uma foto. A preocupação do cara em querer que o pirulito, centrado na praça, apareça na foto, deu-me a certeza de estar a ver naquele momento mais um cidadão não belohorizontino, talvez um cara do interior ou de outro estado (imaginei). A mensagem que a sua camisete traz é curiosa, são cinco estrelas alinhadas de baixo de uma bem maior, isso leva-me a pensar no desejo de mais um título mundial para o Brasil, o hexa, é um desejo alcançável.
Ao passar pelo homem, curioso em ainda querer imaginar como será que a sua foto ficaria enquadrada, olho para trás e, surpreendentemente, me deparo com a mensagem nas suas costas “Brasil hexa campeão – Alemanha”, não quis acreditar no que os meus olhos teimavam em ler, eu estava diante a uma mensagem afirmativa, levando o Brasil já campeão á Alemanha. Tudo bem que estamos perante a uma das mais poderosas campanhas do Brasil, mas achei ousadia demais a carácterística da mensagem, não será cedo para darmos como conquistada essa estrela? Porquê não esperar, em vez de se estar ai a produzir mensagens desse tipo para depois correr o risco de ter de emendar? Isso me remete a uma não velha experiência que BH passou num evento que já estava dado como certo, autdoors de Pavarotti e Roberto Carlos tiveram de ser retirados sem que o evento acontecesse, mesmo que este já era dada como certo, para a desilusão da massa.

segunda-feira, abril 17, 2006

“Não tenho novos caminhos, busco caminhar de uma forma diferente”.

Essa frase é titulo de um livro de entre vários que esta arrumado em uma estante de uma saleta azul pequena e improvisada, onde funciona o projeto viver e saber, na favela “Boca de Fumo”, no Dom Cabral. Era a minha segunda vez em que eu voltava para aquele lugar, querendo terminar a matéria que fazia, para o jornal da faculdade. Desta vez, tive de ficar mais tempo nesta casa, até mesmo para compreender como funcionava o projeto, e como se desenrolavam as relações entre aqueles garotos todos que ali participam dele. Numa das minhas voltas pelos cômodos da casa, esbarrei-me com uma estante que continha livros empoeirados, livros velhos de capa e que pareciam estar ali há séculos, “fazem parte de uma doação que o projeto teve”, explicou-me a professora de musica. “São livros que ainda vão permanecer empoeirados por muito mais tempo devido ao lugar onde se encontram” pensei, imaginando que até aquelas crianças crescerem e se interessarem por aquele tipo de leitura, mais complexa e densa, se calhar, aqueles livros já nem estarão ali. Bom, então pus me a ler os títulos de algum dos livros, eles também não me diziam nada, pelo menos não faziam parte dos que programei para ler até o final deste semestre, mais, no meio deles, um me dizia, com caracteres amarelados e vivos “Não tenho novos caminhos, busco caminhar diferente”, logo pensei, aquela frase tinha tudo haver com o projeto, com esses meninos que, aprendendo as regras básicas de convivência, nele participam. O meu pensamento foi confirmado quando ao perguntar um garoto, o que fazia ele gostar de estar ali, me respondeu “aqui eu fico longe das drogas, das balas perdidas e do tráfico, de coisas que eu tenho medo”. Medo que eles demonstraram ter ao correrem para suas casas, no final das atividades. Mesmo com a luz do dia, os becos da favela são desertos, preenchidos de medo e desconfiança, o que tira o direito dessas crianças terem novos caminhos e um caminhar igual ao das crianças das grandes cidades.

A semana santa não foi para descansar!

ha duas sextas, sai da faculdade e livrei-me dos cadernos, estava a entrar no bendito recesso da semana santa, mandei a faculdade para o espaço, os trabalhos e tudo mais estava arrumado para depois de uma semana. Veio a calhar com o adormecer do meu mause, mais, estava mesmo de recesso, então que o computador podia ficar de recesso também "pensei" . hoje, voltou tudo ao normal, e o pior, tudo em dobro, entro na faculdade e fico sabendo que, aquele trabalho já era para ter sido feito ontem, que ainda ha outro que nem sequer o meu grupo começou, que tenho de levantar o livro para o trabalho da segunda feira, que tenho de tirar uma pilha de cópias para a prova final de uma matéria, que fui mal no trabalho de antropologia e, tenho que dar no duro para fazer uma descrição antropológica do que vi na semana santa. afinal a semana santa não foi para descansar!!

sexta-feira, abril 07, 2006

TRIBUTO A MULHER MOÇAMBICANA


Nenhum Monumento
"Não são aparentes em ti as marcas da grandeza,
nenhum monumento desfigura ou altera a monotonia
sem convulsões do teu rosto quase anónimo.
A escassez de ogivas, arcobotantes, rosáceas,
burilados portais, cobra-la tu
na gravidade das tuas sombras e do teu silêncio.
Não vem sequer
da tua voz a opressão que cerra as almas
de quantos de ti se acercam.
Não demonstras,
não afirmas, não impões.
Elusiva e discretamente altiva,
fala por ti apenas o tempo".
(Rui Knopfli)
Gente, acho que Rui Knofli resume em pequenas palavras, o percurso grandioso das Mulheres la de casa. Da Josina a Luisa Diogo, Vai um Abraço e Parabenz por mais um 7 de Abril.

segunda-feira, abril 03, 2006

Esta dito, esta dito!

Hoje, no intervalo do Jornal Nacional do canal Globo, passou uma publicidade que me deixou indignado, a propaganda era da Fiat. Essa multinacional lançou uma campanha, a de 30 anos, a publicidade é feita com uma menina, ela me parece inocente, tímida e pouco à vontade na sua fala. Pouco me interessa a postura da moça, o conteúdo do texto que ela reproduz na sua fala é que me chama atenção, ela chega a afirmar:

“Eu estive em África ajudando crianças...”.

Não me recordo muito bem como ela termina, mais em algum momento ela menciona a Fiat, como sendo uma empresa que prende pela responsabilidade social, um ramo de marketing que, muitas empresas descobriram estar ai o segredo da construção de uma boa imagem, imagem positiva no mercado.

No entanto, se realmente o personagem dessa peça esteve na África, fiquei pensando, não seria ideal mostrar em passagens rápidas, esse personagem praticando tais ações? Não seria esse o caso em que as imagens falariam mais que a palavra?

Há um ditado neste mundo da comunicação institucional que diz “mil vezes pôr os outros a falarem bem de ti, em vez de ser você mesmo”. O que seria ideal para este caso, senão, tudo me leva a crer que é mais uma farsa usando o velho nome África, como sinônimo de pobreza, violência, um país em vez de continente, condenado a uma eterna miséria. É claro que ainda passamos por algumas situações constrangedoras, mais não acho correto que os profissionais de comunicação, continuem a denegrir tanto a imagem desse continente que luta por uma melhoria. Mais não disse!

domingo, abril 02, 2006

O fenômeno Super!!


É Domingo, saio do apartamento 2107 no maleta, chamo o elevador que demora dois minutos para chegar, "desce", o ascensista confirma, entro e logo de cara fixo meu olhar no tablóide que esse homem traz na mão, é o Super Notícias, de capa bem colorida, o jornal mais vendido em Belo Horizonte “pensei”.
A medida em que o homem ia virando e revirando o jornal, no curto percurso do elevador, eu, curioso, ia procurando ler rapidinho as manchetes do jornal, em algumas vezes pedindo “dentro de mim claro”, que o cara parasse numa tal matéria que fala do primeiro brasileiro no espaço, da passeata da torcida do Galo em plena Afonso Pena, da greve anunciada pelo jornal, mais o dono, com todo o direito, não me ouvia, continuava procurando a notícia que lhe interessasse. Quando o elevador já estava praticamente na terra, o homem parou numa página, estava lá uma matéria ocupando toda ela, com fotos, retrancas, “ai pensei, não saio sem ver o que esse homem procura nesse jornal”, leio o lead, vejo as fotos que me parecem familiares e, quando dou por mim, a matéria fala da atual novela da Globo que passa as oito e quarenta, nesse exato momento o elevador para, e eu, ainda perplexo, esperava que o homem mudasse de página, mudasse para ver sei lá o quê naquele jornal, talvez sobre política, desporto cinema e ou economia, tudo isso que presumo interessar a um jovem, mais, para a minha desilusão, o homem anunciou a chegada a terra e, eu tinha que deixar o elevador.
Do Maleta, curioso, cutucado com as manchetes do jornal logo na saída deixei-me levar e, comprei esse fenômeno “hoje entrei para a lista dos leitores desse fenômeno, fiz parte dela somente hoje”, após ter o jornal em mão, virei e revirei, agora este era meu, não dependia de mais ninguém para ver o que quer que fosse. Cadê a página do homem brasileiro no espaço, da manifestação da torcida do Galo na praça? Da greve? Em geral, todas as matérias não passavam de textos enxutos, pouca informação e de leitura fácil, a única matéria que mereceu destaque para este tablóide foi a da telenovela, quase uma página, com direito a fotos, as outras meterias me pareciam resumos de notícias, notas de imprensa, bastava uma olhada para ler todo o artigo. Foi quando percebi porquê o homem parou justamente naquela página. Ao ler este jornal, fiquei com a sensação de ter lido notícias inacabadas, pouco apuradas e incompletas. Esta leitura me lembrou a velha questão, como fica o futuro dos jornais? Uma vez que este diário cresce a cada dia que passa na venda de exemplares, Será que o futuro esta reservado á notícias enxutas, pouco apuradas, longe da economia e política, ou o povo é que está cada vez mais se distanciando com os assuntos que dizem respeito a sua vida presente e futura?
Sei que em parte o jornal Super Noticias vem estimulando as pessoas a lerem cada vez mais, mais até que ponto essa leitura fácil e de assunto que pouco diz a nossa vida, vai ensinar e ou informar a população? Onde queremos chegar com elas? Mais não perguntei.